sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Relação entre combustível e combustão: experiencias de recolha e transformação – ALGUMAS OBSERVAÇÕES E BIBLIOGRAFIA


As noções de abundância e escassez são como as noções de qualidade da matéria-prima, isto é, são subjectivas porque dependem das necessidades e objectivos tecno-económicos das comunidades pré-históricas. De todas as formas podemos dizer que com um grupo maior e uma duração mais prolongada a recolha de madeira seca começaria a ser mais complicada devido ao aumento da distância a percorrer. Esta aumentou 50 metros por dia. Podemos dizer que abaixo dos 1500 m se está num raio local, mas a nossa recolha foi de pouca quantidade e é um facto que a biomassa disponível em madeira seca é sempre inferior à madeira verde.

A isto devemos acrescentar o facto de a madeira seca queimar muito mais depressa. A vantagem reside na facilidade de colecta (como referimos, só pontualmente foi necessário recorrer a instrumentos de pedra para cortar os ramos secos de forma a facilitar o seu transporte).

Mais observamos que ambas as estruturas e combustões atingiram temperaturas mais do que suficientes para as tarefas e funcionalidades associadas. Para aquecimento, cozinhar, fabricar resinas qualquer tipo de madeira atinge a temperatura necessária. Assim a relação entre o tipo de madeira e a funcionalidade das estruturas para estas actividades não faz grande sentido.

BIBLIOGRAFIA (ELEMENTAR)

Théry-Parisot, I. (1998). Economie des combustibles et paléoécologie en contexte glaciaire et périglaciaire, Paléolithique moyen et supérieur du sud de la France (Anthracologie, Expérimentation, Taphonomie). Doctorat, Université de Paris I Panthéon- Sorbonne, pp. 500

Théry-Parisot, I. & Meignen, L. (2000). Economie des combustibles bois et lignite dans l’abri mouste´rien des Canalettes, de l’expérimentation à la simulation des besoins énergétiques. Gallia Pre´histoire 42, p. 45–55.

Théry-Parisot, I. (2001). Economie des combustibles au Paléolithique. Expérimentation, Taphonomie, Anthracologie. Paris CNRSEditions Col. Dossiers de Documentation Archéologique, 20, 196 pp.

Théry-Parisot, I. (2002) Fuel Management (Bone and Wood) During the Lower Aurignacian in the Pataud Rock Shelter . Contribution of Experimentation, Journal of Archaeological Science 29, P. 1415–1421

LA TRANSFORMACIÓN DE UN RECURSO BIÓTICO EN ABIÓTICO: ASPECTOS TEÓRICOS SOBRE LA EXPLOTACIÓN DEL COMBUSTIBLE LEÑOSO EN LA PREHISTORIA de Ethel Allué Martí y Mª Dolores García-Antón Trassierra

2 comentários:

JTereso disse...

O problema da recolha de matéria combustível para uso diário é essencial para compreender as dinâmicas territoriais das comunidades antigas. De facto, rapidamente o combustível vegetal iria escassear no território de uma comunidade grande. Ainda assim, os grupos humanos conseguiram remediar um pouco essa situação, gerindo a matéria-prima através da poda (de árvores de fruto e não só) e mesmo da gestão dos matos (e.g. giestais), fonte primordial de combustível lenhoso. Exemplos etnográficos (e.g. serra de Montesinho e Parque de Doñana) demonstram que algumas comunidades agrícolas geriam os espaços de matagais de forma a garantir o combustível necessário à sobrevivência da aldeia. Ainda assim, essas comunidades tinham graves problemas nesse campo.

Sara Cura disse...

João ainda bem que comentas a questão do aprovisionamento porque isso depende muito do sistema «económico» das comunidades pré-históricas. Tu referes sobretudo comunidades agra-pastoris e portanto sedentárias, e nesses casos o aprovisionamento é sem duvida mais complicado e obriga a uma gestão da floresta mais complexa e sazonal. Já nos caçadores recolectores a recolha de lenha seca, embora mais escassa é sempre mais vantajosa porque não, se colocam os problemas da gestão da cobertura vegetal (equilibrio sazonal) e armazenamento. Do pouco que tenho lido sobre esta questão, o registo parece indicar que quando confrontados com problemas de escassez de combustível para as combustões desejadas (funcionalidade+duração+temperatura) se acrescentam complementos como os ossos ou o lignito.
Um abraço!
Sara Cura