quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Para acender a Lamparina há que fazer fogo primeiro!

Apresentamos um vídeo caseiro (Nelson Almeida na captação de imagem) de oito minutos (requer alguma paciência) que mostra o Pedro Cura na preparação de uma acendalha, sua ignição através das faíscas (infelizmente não se vêm bem no filme) resultantes do embate entre a pirite e o sílex, a sua transformação em brasa, o atear de pequenos ramos secos e raspas de madeira e finalmente de uma fogueira.




Rocha
- Sílex (proveniência – Rio Maior)
Mineral - Pirite (proveniência - Zimbreira, Mação)
Acendalha:
Nome Comum: fungo Prateleira
Reino: Fungi
Divisão: Basidiomycota
Classe: Agaricomicotae
Ordem: Polyporalis
Toxicidade: tóxico por ingestão

Sara Cura e Pedro Cura

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Iuminação Pré-Histórica




No Museu de Arte Pré-Histórica de Mação estás exposta uma lamparina proveniente da Anta 1 do Val da Laje de cerca de 3500BC, está restaurada e é uma das peças mais apreciadas pelos nossos visitantes. Pelo que deles ouvimos não é só a peça em si, é a luz e é a forma como está exposta que também impressionam.



No entanto, visitantes mais atentos, argutos ou observadores várias vezes nos questionaram sobre a sua funcionalidade. Isto é, nós dizemos que é uma lamparina pré histórica, até aí tudo bem, mas depois dizem eles mas se há uma chama os fios que a suspendem ardem? Sim, tem lógica... Bom, uma peça não tem necessariamente de estar exposta em correspondência rigorosa à sua funcionalidade e modo de funcionamento. Opinião nossa. Em todo caso como poderia ter funcionado afinal esta lamparina?
Uma hipótese de resposta foi arriscada pelo nosso grupo de experimentação, com particular insistência do Jedeson Cerezer, numa noite de convívio após o esquartejamento experimental de uma ovelha.
Por norma nestas actividades, nada deitamos fora (com excepção das vísceras), e nem foi tarde nem cedo para utilizar a gordura da ovelha e tentar colocar a lucerna em funcionamento. Para isso fizemos uso de uma das várias réplicas feitas pelo ceramista Miguel Neto e o especialista em moldes e réplicas, Pedro Serra.
A primeira fase foi derreter a gordura da ovelha num recipiente de cerâmica numa das nossas estruturas de combustão.






Depois pensar numa forma de suspender em segurança a lucerna, sem interferência da chama. Para tal foram necessários dois paus em posição horizontal e fibra vegetal (no caso usamos ráfia). Enchemos a lucerna com gordura já líquida e utilizando os quatro furos dos mamilos suspendemos a peça os paus na horizontal.







Foi necessário uma ignição para fazer arder a gordura, para isso pegámos fogo a um pavio de algodão natural.





O resultado foi mais de 8 horas de combustão ininterrupta ao ar livre.
Convém dizer que foi numa noite de verão, mas o interessante é pensar (sem devaneios ingénuos e com puro interesse em como as coisas poderiam ter funcionado) que numa estrutura de habitat, tipo cabana esta lamparina, com uma quantidade mínima de gordura, podia dar horas e horas de luz…
Quando vos faltar a luz, já sabem! Temos réplicas da lamparina para venda no museu e se faltar o isqueiro ou o fósforo também temos (tem o Pedro Cura, para ser mais precisa) uma alternativa. Isso fica para um próximo post.
Sara Cura