Nestes dias numa leitura sobre experimentação no estudo de artefactos líticos levou-me até à questão da simetria dos bifaces. Os autores, que abaixo cito, procuraram através da experimentação verificar a existencia de uma relação entre a simetria dos bifaces e a sua eficácia enquanto utensílio utilizado em actividades de esquartejamento. Trabalho bem interessante, não só pelo tema, mas também por toda a metodologia aplicada e pela quantidade de dados processados (imaginem 30 veados em 3 dias, haja subsídio para a experimentação!). Ao que parece a relação não é directa, mas os autores invocam desadequações de ordem metodológica a corrigir em futuras experimentações. Só com mais trabalhos se poderá verificar se de facto a simetria é um factor pouco determinante para a suposta eficácia de um biface, pelo menos neste tipo de actividades. Forçosamente são precisos mais dados provenientes de outras experimentações, outras actividades, diferentes actividades conjugadas e com reavivamentos... Não me vou deter nesta discussão, quero somente deixar esta referência de Macnab (Pág. 674) sobre a nossa insistência pela observação, procura e (sobre?) valorização da simetria num seu trabalho também a propósito de bifaces:
In this sense the question asked by White is very germane. Why do we privilege symmetry and an aesthetically pleasing overall finish as criteria for nascentsymbolic capacities? In part the answer is one that we have already offered—one of historical tradition. These were the yardsticks of the culture historians, a window through which they felt they could view an incipient "humanness." I have some sympathy with White’s suggestion that the real signalling media would be successful blank production, simplicity and rapidity of production (while devoid of a symbolic component to the act of making), and perhaps other archaeologically invisible but socially very visible criteria such as physical strength, hunting prowess, physical appearance, sociality, cooperative behaviour, and perhaps assertiveness in cooperative behaviour.
John McNabb, Francesca Binyon, and Lee Hazelwood(2004) The Large Cutting Tools from the South African Acheulean and the Question of Social Traditions, in Current anthropology, Volume 45, Number 5, pp 653 - 657
A.J. Machin, R.T. Hosfield, S.J. Mithen (2007) Why are some handaxes symmetrical? Testing the influence of handaxe morphology on butchery effectiveness, in Journal of Archaeological Science 34 pp.883-893
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