Já tínhamos dado a entender que de um ponto de vista experimental, nos estudos desenvolvidos em torno de problemáticas arqueológicas, trabalhamos sobretudo com quartzito, mas vamos fazendo umas experiências com quartzo. Ou melhor o Pedro Cura vai experimentando ainda timidamente de forma a adquirir prática no talhe desta rocha. Só apanhámos o resultado final …
Mas certamente que próximo será todo feito com o mesmo registo que aplicamos ao quartzito. Os métodos de registo que utilizamos são provavelmente discutíveis e disso falaremos num outro post. Por agora descrevemos a experiência do Pedro:
O seixo tinha uma morfologia regular e arrdondada, o talhe directo foi feito recorrendo de forma alternada a 3 percutores duros (quartzito) e 2 brandos de distintas dimensões (buxus sempervirens).
O seixo tinha uma morfologia regular e arrdondada, o talhe directo foi feito recorrendo de forma alternada a 3 percutores duros (quartzito) e 2 brandos de distintas dimensões (buxus sempervirens).
Duas impressões a registar:
A matéria prima responde de forma tanto mais controlável quanto mais o ângulo for fechado, já depois de uma perda de volume considerável e utilizando o percutor brando.
É imprescindível um controlo minucioso dos planos de percussão, o impacto tem de ser certeiro porque esta matéria prima facilmente estilhaça de forma incontrolável.
É considerável a quantidade de desperdício, sobretudo fragmentos inclassificáveis e de muito pequenas dimensões.
Os restos de talhes estão todos guardados se existirem voluntários para um exercício de remontagem são bem-vindos!
Para quem se interesse por esta matéria prima aqui vai uma muito breve lista bibliográfica:
Actes de L'exploitation du quartz au Paléolitihque. Table ronde No1, Aix-en-Provence , FRANCE (18/04/1996)
Bracco, J.-P. (1998): "Le Debitage du Quartz dans le Paleolithique Superieur d´Europe occidentale: Aspects Technologiques et Comportementaux." en: Lithic Technology. From raw material procurement to tool production. S. Milliken and M. Peresani (Ed). Forlì. 81-91.
Bracco, J.-P. y P. Morel (1998): "Outillage en quartz et boucherire au Paléolithique Supérieur: Quelques observations expérimentales" en: Économie préhistorique: les comportements de subsistance au Paléolithique. XVIIIe Rencontres Internationales d´Archéologie et d´Histoire d´Antibes. APDCA (Ed): 387-395
Chelidonio, G. (1990): "Preliminary approach to quartz crystals technology and its meaning as "Environmental Translation"." en: Le Silex de sa genèse à l´outil. Actes du Vº Colloque international sur le Sílex. Cahiers du Quaternaire 17.
Crovetto, C., M. Ferrari, C. Peretto y F. Vianello (1994a): "Le industrie litiche. La sperimentazione litica" en: Le industrie litiche del giacimiento paleolitico di Isernia La Pineta. La tipologia, le tracce di utilizzazione, la sperimentazione. C. Peretto (Ed). Isernia, Sigmastudio: 119-181.
Martínez Cortizas, A. y C. Llana Rodríguez (1996): "Morphostructural variables and the analysis of their effect on quartz blank charecteristics." en: Non-Flint Stone Tools and the Palaeolithic Occupation of the Iberian Peninsula. N. Moloney, L. Raposo and M. Santonja (Ed). Oxford, Tempus Reparatum. BAR 649: 49-53.
Mourre, V. (1996) « Les industries en quartz au Paléolithique - Terminologie, méthodologie et technologie », Paléo, n° 8, pp. 205-223.
Prous, A. y M. A. Lima (1990): "A tecnologia de debitagem do quartzo no centro de Minas Gerais: lascamento bipolar." Arquivos do Museu de História Natural da UFMG XI (1986-1990): 91-114.
4 comentários:
A partir de hoje, link disponível no Blog Nível de Bolha.
Cumprimentos
Obrigada!
Sara Cura
Parabéns pelo projecto e pela iniciativa. Acho que já é tempo dos senhores doutores da arqueologia portuguesa (e alguns de novas gerações)se capacitarem e aceitarem que existem novas equipas com elevada capacidade técnica e científica,a realizarem projectos inovadores no nosso país. Será que já não é tempo de deixarmos de lado as questões pessoais (que todos sabemos quais são relativamente a este tipo de projecto) e tentarmos comunicar, trocar experiências e aprender novoas metodologias e conceitos? Sim, porque é verdade, as pessoas novas são capazes de serem muito boas naquilo que fazem, mesmo que isso faça moça nos "arqueólogos" conceituados.
Mais uma vez parabéns, espero que os resultados sejam alcançados e que possam deste modo, contribuir para novas abordagens na pré-história portuguesa. O blog torna-se um excelente meio de comunicação.
Fátima
Obrigada pelas suas palavras Fátima! Vamos esperar que a troca de experiencias se realize de facto...
Sara Cura
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