quarta-feira, 11 de junho de 2008

Enquadramento das nossas actividades





Desde meados dos anos 90, no âmbito de projectos de investigação dos quais se destaca o TEMPOAR I e II, que as indústrias líticas do Pleistoceno e Holoceno do Alto Ribatejo têm vindo a ser estudadas sob novas perspectivas[1]. Estes estudos não só trouxeram novos dados para a discussão central acerca da transição de economias de caça e recolecção para o agro-pastoralismo, como lançaram as perspectivas de estudo que a Unidade de Investigação de Indústrias Líticas do Instituto Terra e Memória deve continuar a aprofundar.No âmbito destes projectos o estudo das indústrias líticas, na sua esmagadora maioria em quartzito, revela padrões de comportamento específicos que, pelas suas características ditas «expeditas» e «simples», dificultam a sua associação inequívoca a ocupações do Pleistoceno ou do Holocenos, sugerindo uma convergente e recorrente relação com o território e seus recursos minerais não muito diferente. Por outro lado a experiência acumulada pela análise destas indústrias, na sua esmagadora maioria em quartzito, revelou desde logo algum desajustamento entre as metodologias de estudo que foram estruturadas e aplicadas em matérias-primas distintas.[2]
Para além de estudos tecnológicos, faltam estudos experimentais de referência, quer ao nível do talhe, quer a nível funcional, aplicados aos quartzitos. Falta também uma caracterização mais detalhada da variabilidade do quartzito no Vale do Tejo .

Vista do Tejo em Vila Nova da Barquinha

Neste momento está em curso o Projecto Paisagens de transição – povoamento, tecnologia e Crono-Estratigrafia da transição para o agro-pastoralismo no Centro de Portugal (PTDC/HAH/71361/2006) aprovado e financiado pela Fundação Ciência e Tecnologia. No âmbito deste projecto estão a ser feitos estudo tecnólogicos das indústrias líticas de vários sítios arqueológicos, complementados com estudos experimentais e funcionais. Está igualmente em curso uma caracterização sistematizada dos quartzitos desta região.


Estes estudos são desenvolvidos pela Unidade de Investigação de Indústrias Líticas do Instituto Terra e Memória em Mação e no Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo em Vila Nova da Barquinha.


[1] CURA, Sara (2002b) - Indústria lítica da Amoreira : uma gestão diferenciada das matérias primas, In: Cruz, A.R.; Oosterbeek, L. (coord.), Territórios, mobilidade e povoamento no Alto-Ribatejo. IV: Contextos macrolíticos, Tomar : Arkeos 13, CEIPHAR - Centro Europeu de Investigação da Pré-História do Alto Ribatejo, pp. 207-246

CURA, S, (2006) - As indústrias (Macro)líticas do Médio Tejo: uma condicionada e/ou eficaz exploração da matéria prima local, In Actas do 1º Seminário de Paleontologia e Arqueologia do Estuário do Tejo, Edições Colibri, Lisboa

Grimaldi S. Rosina P., Corral Fernandez I. (1998). Interpretazione geo-archeologica di alcune industrie litiche “Languedocensi” del medio bacino del Tejo (Alto Ribatejo – Portogallo). In: Cruz A.R., Oosterbeek L., Pena dos Reis R. (coord.) Quaternário e Pré-História do Alto Ribatejo (Portugal Tomar : Arkeos 4, CEIPHAR - Centro Europeu de Investigação da Pré-História do Alto Ribatejo, pp. 145-226.

Grimaldi S., Rosina P., Boton F. (1999a) - A behavioural perspective on “archaic” lithic morphologies in Portugal. The case of Fonte da Moita open-air site, in Journal of Iberian Archaeology, vol. 1, Porto, pp. 33-57

GRIMALDI S., ROSINA P., CRUZ A. R., OOSTERBEEK L. (1999b) - A geo-archeological interpretation of some “Languedocian” lithic collections of the Alto Ribatejo (Central Portugal). In: Cruz, Milliken, Oosterbeek, Peretto (ed.) Human Population Origins in the Circum-Mediterranean Area: Adaptation of the Hunter-Gatherer groups to environmental Modification, Tomar : Arkeos 5, CEIPHAR - Centro Europeu de Investigação da Pré-História do Alto Ribatejo, pp.231-243

Grimaldi S., Rosina P., Boton F. (2000) - “Um sítio ao ar livre do pleistoceno médio no Alto Ribatejo (Portugal): Fonte da Moita”. in Actas do 3º Congresso de Arqueologia Peninsular, vol. 2, pp.123-136

GRIMALDI S. & ROSINA P. (2001) - O Pleistoceno Médio final no Alto Ribatejo (Portugal Central): o sítio da Ribeira da Ponte da Pedra. In: Cruz A.R., Oosterbeek L. (coord.), Santa Cita e o Quaternário da Região, Tomar : Arkeos 11, CEIPHAR - Centro Europeu de Investigação da Pré-História do Alto Ribatejo, pp.89-116.

GRIMALDI, S & CURA, S. (2007), The intensive quartzite exploitation in Midlle Tagus Valley pleistocenic open air sites – the example of Ribeira da Ponte da Pedra in Workshop 15 Records of Proceedings «Technological analysis on quartzite exploitation» , UISPP 2006, sous presse

JAIME A. (2003) - “Contribuition a l’étude de l’industrie de Fonte da Moita (Vila Nova da Barquinha, Alto Ribatejo, Portugal)”. In: Cruz, A.R.; Oosterbeek, L. (coord.), Territórios, mobilidade e povoamento no Alto-Ribatejo. IV: Contextos macrolíticos, Tomar : Arkeos 13, CEIPHAR - Centro Europeu de Investigação da Pré-História do Alto Ribatejo, pp. 56-110

LEMORINI, C.; GRIMALDI, S. ; ROSINA, P.(2001) – Observações funcionais e tecnológicas num habitat paleolítico: Fonte da Moita (Portugal, centro), In: Cruz A.R., Oosterbeek L. (coord.), Santa Cita e o Quaternário da Região, Tomar : Arkeos 11, CEIPHAR - Centro Europeu de Investigação da Pré-História do Alto Ribatejo, pp.117-140

[2] Esta discussão foi desenvolvida no Workshop Technological analysis on Quartzite Industries que teve lugar no XV congresso da UISPP em 2006, coordenado por nós (Sara Cura e Stefano Grimaldi)

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