terça-feira, 14 de outubro de 2008

Questões sobre o quartzito...aceitam-se respostas!


Apesar de existirem excepções, e mesmo considerando a falta de pesquisas e publicações mais detalhadas, é comum dizer que a aplicação de sequências de redução pré-determinadas como o Levallois é pouco frequente em indústrias em quartzito.
É igulamente comum dizer-se que tal se deve à natureza da matéria-prima.
Será?
E em que sentido?
Porque o quartzito limita e constrange determinadas sequencias de talhe ou porque possibilita alternativas igualmente eficazes mas que são porventura tecnicamente mais simples ou porque não encaixam nas estruturas volumétricas pré-determinadas mais conhecidas?
Estas questões não nos largam ou nós não as largamos, dá igual.
Não nos querem ajudar?
O que acham?

SCura

4 comentários:

Anónimo disse...

Talvez porque dê mais trabalho, devido ás propriedades fisicas da rocha? Ou se trate apenas de uma adptação gestual à materia prima, ou o conhecimento profundo das suas propriedades fisicas( o que exige uma certa persistência experimental para se obter então os resultados esperados, porque na realidade elas existem), dizendo isto se a matéria prima é diferente as suas propriades fisicas tambem o são e isso na minha opnião leva à aplicação de um gesto diferente, logo o que se obtem é diferente o que não quer dizer que em termos conceptuais não esteja presente o objectivo tecnico final subjacente ao conceito da técnica levallois. Também não nos podemos esquecer que falamos de um conceito criado por nós cientistas que estudamos as industrias e este é criado sobre o estudo exaustivo de uma rocha que não é o quartzito.
Cabe-nos então a nos quiça criar então um novo "conceito levallois" para essa rocha que é quartzito.

Andakatu

Anónimo disse...

Andakatu,
eu também considero que estamos perante uma adequação entre sequências de redução, objectivos técnicos e a natureza e disponibilidade da matéria-prima, neste caso o quartzito.
A verdade é que nos atemos demasiado a métodos e estruturas volumétricas já definidas, por vezes até mecanizando a sua identificação sem pensar na variabilidade ou especificidade do contexto em estudo. A predeterminação técnica e conceptual podem estar lá e eu não diria que se deve criar um novo conceito Levallois. O Levallois foi muito bem estruturado na sua aplicação e variabilidade qualitativa e quantitativa, entre outros por Boeda, e é assim reconhecível em muitos contextos onde o quartzito é a principal matéria-prima. A questão é que se pode optar por outras sequências. Aliás a questão é compreender o seu significado numa perspectiva comportamental, isto é, reconhecer e entender os métodos e sequências de talhe aplicados ao quartzito mas sempre no quadro das estratégias de aprovisionamento e subsistência das comunidades humanas Pré-Históricas. Até porque, agora em brincadeira, eles não comiam pedras!!
S. Cura

Onésimo Santos disse...

Meu caro,
não podemos esquecer que há quartzitos e quartzitos. Bordes dizia que o quartzito de grão fino e brilhante lascava-se tão bem quanto o sílex.

Unknown disse...

Caro Onesimo,
Eu penso que até nem é uma questão de ter ou não ter um quartzito de grão fino e brilhante. Por certo este talha muito bem, mas isso é uma observação feita por nós no presente. Na realidade, também os menos finos e brilhantes talham muito bem, como o bem demonstra o registo arqueológico. Penso que será a conjugação de diversos factores, onde a textura tem um papel muito importante, mas talvez não tão importante como a morfovolumetria e a disponibilidade/acessibilidade da matéria-prima.
E já agora o Bordes também dizia:
On peut toujors dans n'importe quelle matiére premiére (silex, obsidiene, basalte, calcedónia,etc), obtenir la forme exterieur que l'on désire, en apliquant la technique convenable.
E daí que afirmava o primado da tipologia sobre a técnica. Podia não ter inteiramente razão, eu acho que não, mas era um extraordinário talhador.
Tudo isto para dizer que a qualidade de uma matéria-prima é sempre um atributo altamente discutível e regido, por um lado, por parâmetros intrínsecos ao investigador e seu quadro de referencia, e por outro, pelo contexto muito específico do dados em estudo.
Enfim são ideias para debatermos.
S. Cura